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"Eu vou ter que dar umas escapulhidas,

  e é isso, eu vomito..."

Mariana Santos Ferreira, 27 anos, securitária 

Na transição do primeiro para o segundo ano do Ensino Médio, já havia uma pressão estética entre as meninas, mas isso ainda não me afetava. Quando meu namoradinho de colégio me trocou por uma garota mais magra, meu pai teve que enfrentar um câncer e a nossa viagem de férias em família foi cancelada, decidi que iria concentrar toda a minha atenção em emagrecer.

Diminuindo a quantidade de comida nas principais refeições do dia, deixando de comer à tarde e correndo na esteira na academia do meu prédio, ao final das férias da escola, consegui alcançar meu objetivo, emagrecendo uns 10 quilos, e as pessoas começaram a reparar que eu havia emagrecido. Mas quando as aulas voltaram, percebi que não conseguiria restringir o que eu comia, igual quando estava em casa. Então, para não engordar, vi o vômito como a única maneira de lidar com a situação.  

Foto: Mariana Ferreira (Arquivo pessoal)

Certo dia, antes de uma consulta com uma endocrinologista, tive um episódio de compulsão no almoço. Eu comi muito, depois comi um bolo de maçã com canela e achei que ia dar tempo de eu vomitar tudo antes da minha mãe chegar para buscar eu e minha irmã; só que ela chegou e eu não tinha terminado, então fiquei com alimento que não era para ser contabilizada a caloria, dentro do meu estômago. Comecei a chorar e minha mãe percebeu que tinha alguma coisa estranha, aí eu acabei falando e já tinha uns 6 ou 7 meses que eu estava nessa.

Durante a consulta, a médica me deu uma bronca e não foi muito acolhedora; falou que eu estava totalmente errada de fazer isso e que eu precisava me tratar, então acabei ficando um pouco intimidada. Depois desse dia, desabafei com a minha mãe e também comecei a fazer sessões de terapia com uma psicóloga e, assim, a situação foi melhorando.

Antes de contar o que realmente estava acontecendo para a minha mãe, eu já percebia que não queria mais continuar naquela rotina; eu estava ficando com a garganta machucada, tinha refluxo e também ficava observando quando passava coisas sobre bulimia na TV. Mas o episódio com a minha mãe foi um ponto de início para eu decidir que aquilo tinha que parar ali; e o tratamento com a terapia foi o que me deu força e me fez entender o porquê eu estava fazendo isso.   

Leia 'Rede de apoio na luta contra os transtornos alimentares' 

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