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Rede de apoio na luta contra os transtornos alimentares 

Com o crescimento dos casos ao redor do mundo, o combate aos transtornos alimentares vem se tornando cada vez mais desafiador. Mas o problema não se resume apenas ao grande número de pacientes, a falta de profissionais que saibam lidar com esses distúrbios também é uma realidade preocupante no cenário atual. “Temos pouquíssimos centros especializados em tratar uma doença cuja a incidência aumenta cada vez mais. Temos um problema aí!”, enfatiza a psiquiatra Roberta Catanzaro Perosa.

Referência no Brasil e conhecido por integrar a lista dos poucos centros de tratamento para os distúrbios alimentares no país, o AMBULIM  é um programa do Instituto de Psiquiatria do Hospital das das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP que oferece acompanhamento multidisciplinar para crianças, adolescentes e adultos, de maneira gratuita pelo SUS.

 

Ao perceber essa demanda por profissionais capacitados, a psicanalista Carolina Avileis desenvolveu um curso online, voltado para diferentes áreas da saúde, com módulos preparatórios para uma ampla gama de questões presentes nos transtornos alimentares, como hospitalização, sequelas no organismo, processos neurofisiológicos, criação de empatia e identificação do transtorno. As aulas têm como objetivo ir além da parte teórica e trazer resultados mais concretos. “A minha intenção não é passar protocolo de tratamento, mas fazer uma coisa bem abrangente para a gente começar a fazer alguma coisa resolutiva”, explica. “Eu não tenho como atender mais pacientes, eu preciso ter alguém para encaminhar e eu não tinha; então resolvi fazer um curso para pelo menos gerar pessoas para eu poder encaminhar.”

Apesar de terem um papel extremamente importante no tratamento de um transtorno alimentar, os profissionais da saúde não são os únicos que integram esta rede de apoio. Na internet, alguns criadores de conteúdo também têm dedicado tempo a ajudar pessoas com distúrbios relacionados à alimentação, e Ana Cecília Vieira de Campos, 29 anos, é parte desse time. Depois de pesquisas sobre o assunto, três anos de tratamento com uma psiquiatra, uma nutricionista especializada em transtornos alimentares e duas psicólogas – uma para consultas individuais e outra para sessões que incluíam os familiares – e muitas recaídas, a jovem que teve bulimia decidiu começar um projeto chamado “Um sorvete na Casquinha” para ajudar mulheres que sofrem com transtornos alimentares, ansiedade e depressão.

 

Atualmente, Ciça se dedica, ao site do projeto, à “Casquinha Hub”, uma plataforma digital por assinatura com atividades, encontros e suporte profissional para ajudar na melhora da autoestima e da saúde mental dos membros inscritos. Já no Instagram, ela tem mais de 20 mil seguidores e posta conteúdos diários sobre os temas que a fizeram querer dar vida ao projeto, sempre de uma maneira bem-humorada e preservando a riqueza das informações.

A criadora de conteúdo reconhece que a maneira de enxergar o próprio corpo mudou: “Tem sido uma relação muito mais leve e abriu espaço na minha cabeça para eu conseguir pensar em outras áreas da minha vida porque antes o que dominava era a alimentação e meu corpo”. Apesar de ainda ter partes que a incomodam, ela já não se preocupa mais em emagrecer como antes, mas sentir-se bem no presente e pensar como pode se beneficiar no futuro, como seu objetivo atual em melhorar a postura e o alongamento.

Foto: Ciça Campos (Reprodução/ Instagram)

Por mais que o tratamento tenha sido desafiador, Ana Cecília não vê a bulimia apenas como um acontecimento negativo em sua trajetória. “Como hoje em dia eu trabalho ajudando outras meninas que passam ou que passaram por isso a verem que elas não estão sozinhas e que é possível melhorar, eu enxergo a bulimia como algo que eu tinha que ter passado na minha vida para poder exercer o que eu faço agora.”

 

Apesar de todas as dificuldades que um transtorno alimentar possa carregar, buscar uma rede de apoio não ajuda apenas na caminhada para tratar o distúrbio, mas também pode salvar vidas.      

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